domingo, 16 de novembro de 2008

Política, Humor e Tumores


Uma história muito triste. Infelizmente, baseadas em fatos reais... relatadas pelo blogueiro Carlos E. Batista em seu blog "Política, humor e tumores", cujo link encontra-se ao lado, na seção Eu Recomendo.
É inaceitável que ainda hoje ocorram cenas de racismo como essas:

Há uma porção de coisas ruins acontecendo por toda parte
Por Carlos E. Batista

Alberto Milfonti viveu poucas primaveras, 23 ao todo. Fora a uma loja departamento com a namorada de 17 anos para comprar um colchão. Há pouco tempo os dois resolveram construir a vida juntos. A moça está grávida.

O segurança, desconfiado, pois o menino foi à loja de chinelo e bermuda, sacou a arma.

— Que foi? Você atirar em mim?
— Fala que duvida?

Com um tiro no rosto, o filho da moça perdeu o pai.

Alberto Milfonti era negro.

Andamos apressadamente pela Praça Pedro Lessa, perto da estação São Bento. Passo por lá todos os dias. Mendigos, vendedores ambulantes, um posto da polícia militar e muitos DVDs de pornografia... É sempre o que vejo.

Normalmente ignoro a existência de um banco, daqueles de praça mesmo, envolvendo um pequeno gramado.

Hoje, porém, sobre o banco estava um homem, cujo nome nunca saberei. Calça e sapatos surrados, blusa de lã listrada e um guarda chuva na mão esquerda. Em sua volta, dois policiais.

Um dos dois guardas estava com o braço cruzado dando ordens. O rapaz se recusava a obedecer. Além disso, enfrentava os dois.

Sem mais nem menos, o policial descruzou os braços e deu um tapa no rosto do homem. Inacreditavelmente ele reagiu e empurrou o PM.

Senti a indignação do “homem da lei” exalando por toda a praça, ele parecia bufar. Sacou a arma e logo em seguida a guardou. Tirou as algemas e prendeu um dos braços do homem, que continuava a resistir.

Ele dizia: — Você vai responder por isto, eu não fiz nada!

O homem que apanhou também é negro.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ótimo! Tá na Carta Capital nº 521.


Um pesadelo, creio eu

07/11/2008

Mino Carta

Ocorre-me um enredo estranho, peculiar, não sei se li algum dia e vem da memória, ou de um sonho. É um conto, eu diria, não simplesmente policial. Nele a complexidade é notável, atinge profundidade igual à alma de um país.

O entrecho começa pela descrição do seu protagonista, que o autor batiza Ezequiel. Por trás de olhos azuis carregados de estupor à beira da insegurança, ele é obcecado pelo impulso irredutível da acumulação. Dinheiro e poder. Determinado, audacioso, singra a vida ao sabor de casos de corrupção e falcatruas de alto bordo, com o adendo de capilares operações de escuta telefônica.

Uma investigação policial apura-lhe o conjunto da obra e indicia Ezequiel. Nos seus escritórios, apreende, inclusive, discos rígidos que, tudo indica, resumem suas aventuras e apontam parceiros. Nada acontece, com a inestimável contribuição de certa juíza da Suprema Corte, cenho de governanta de castelo escocês e carente de lábios. Ela impede com argumentos “pueris” (o adjetivo é do autor) a abertura dos tais discos.

Desde o momento das privatizações das telefônicas e que tais por parte do governo do Pássaro Misterioso, episódio que passou a ser conhecido como “A Bandalheira Supimpa”, a história de Ezequiel não somente divide a polícia, mas também, e sobretudo, atinge os mais altos escalões da política, para tornar-se epicentro da luta intestina pelo poder. E chega até a embrenhar-se, com tocha e cordas, pelas cavernas dos humores nacionais. Quanto a esta incursão nas entranhas de emoções e pendores da nação, o autor será mais explícito mais adiante.

Depois de indiciado, passam-se quatro anos, e no ínterim Ezequiel prossegue nas suas investidas. Entre outras façanhas, entrega à revista de maior tiragem do País um dossiê falso de contas no exterior de figurões variados, a começar pelo presidente da República. Segundo o autor, trata-se de uma manobra urdida por Ezequiel para medir o grau da sua influência. Regozija-se ao cabo: tudo passa na mais alva das nuvens.

Move-se, porém, outra operação policial, comandada pelo delegado Aristófanes. O projeto prevê a conclusão das investigações para data posterior a certas eleições programadas para começo de outubro. O furo de uma repórter de conceituado jornal revela a operação em andamento em abril. Aristófanes decide então apressar o desfecho, na tentativa de evitar que o Manobrista Excelente tenha tempo para excogitar largas precauções.

Como e por que a repórter entrou em cena, e como e por que o jornal publicou-lhe o texto o autor não esclarece. Limita-se a aventar a hipótese de algum redondo contato entre o investigado e a cultivadora de furos. De todo modo, os resultados da operação policial acabam na mesa de um jovem juiz de primeira instância, o qual determina a prisão da indigitada figura e de alguns dos seus apaniguados. Um deles, aliás, tentou corromper um delegado a mando daquele, na certeza de que todos têm seu preço.

Assume grandiosamente a ribalta o presidente da Suprema Corte, pomposo luminar da ciência jurídica, versão às avessas da história do sapo transformado em príncipe. Ele mimeografa habeas corpus a favor dos presos como o aprendiz de mágico multiplica vassouras. Memorável a passagem em que o autor colhe Ezequiel a dizer que na Suprema Corte conta com “facilidades”, bem como aquela em que avisa: obrigado a falar, botará a boca no trombone.

E tudo fica basicamente como estava meses a fio. O único evento digno de registro é a autorização dada pela Corregedoria da Polícia para uma operação de busca e apreensão nas casas dos delegados que se permitiram investigar Ezequiel. Só falta prendê-los. O autor, que gosta de suspense, deixa entrever a possibilidade deste happy ending.

Não escapa, de todo modo, à moral da fábula: não há corruptor sem corrupção, e é tolo quem não se aproveita da situação, excepcionalmente favorável para um mestre no assunto como Ezequiel. Inocente, é óbvio, pois cumpre as regras do jogo, e estas valem mais que a lei. Nas linhas derradeiras, a chave para o melhor entendimento: a minoria privilegiada, e os aspirantes ao privilégio, vislumbra em Ezequiel o seu herói, aquele que mostra o caminho da felicidade do alto da montanha da sabedoria.

Enredo de um conto do absurdo? Talvez sonhei, como já disse, e teria sido pesadelo. Observo, porém, certas semelhanças com eventos dos últimos anos ocorridos neste nosso país do futuro.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Qual o assunto que mais lhe interessa? (parte 2)


Repetindo o título do primeiro post, vou colocar aqui a letra de uma música, do último disco de Elba Ramalho, da qual saiu a idéia. Porque naquele momento o assunto que me interessava era falar do contraste entre a Sala São Paulo e o meio do caminho entre ela e a Barra Funda...
Gostei, pois a letra te dá opções. E eu optei por falar de um assunto que me interessava. Ué!

Tempos Quase Modernos (qual O Assunto Que Mais Lhe Interessa?)
(Roberto Mendes / Capinam)

Qual o assunto que mais lhe interessa?
Qual o assunto que mais lhe interessa?
Além da vida in vitro feita nas coxas
E vivida às pressas

A empresa da guerra
A mais-valia da morte
A última sentença
A violência nas ruas
O bio terrorismo

A soja transgênica
Clonagem da mente
Dos órgãos vitais
A nova ciência
Moral decadente
Tradição milenar
Outra tendência

Suicídio, livre arbítrio
Aborto consentido, eutanásia
A dívida congênita
O quinto partido, o tempo
Das máquinas

Monarquia playback
A república inventa
O eclipse lunar,
a decadência moral

A calota polar, o império dos egos
O vidente cedo, o cachimbo de Édipo
A paixão de Romeu, colapso dos mares
Crianças sem lares, a ausência de Deus

A assembléia dos loucos,
O juízo dos lobos
A vontade dos céus
A escala econômica em que o crime compensa

Qual o assunto que mais você pensa?

Sexo, amor, culpa ou inocência
A dieta do Papa, o segredo de Fátima
A última penitência

Bom dia Vietnã, boa noite Bagdá
Adeus Sherazade

Qual o assunto que mais lhe interessa?
Qual a verdade em que mais você pensa?

O fim da natureza
E o final da história
Glória, glória, glória?

Apenas uma canção invento agora
Um poema
A madrugada é silêncio, a dor acalenta

Esquece o início de tudo e o fim dos tempos
Deita no colo de tua amada
Onde da misteriosa expansão do nada
O universo se alimenta

Qual o assunto em que mais você pensa?
Qual é a verdade em que mais você sente?
Qual a mentira em que mais acredita?
Qual é o nome que você mais grita?
Qual é a força que mais te enfraquece?
Qual é a fome que mais te alimenta?
Qual é o prato que mais te apetece?
Qual é o mapa que mais te orienta?
Qual é o jogo que mais você ganha?
Qual é o ganho que mais te enriquece?
Qual é a perda que mais você chora?
Qual é a casa em que mais você mora?
Qual é a frase que mais você fala?
Qual é a fala que mais você cala?
Qual é o assunto que mais você teme?
Qual é o tema que mais ignora?

Qual o assunto que mais lhe interessa?



Caramba, 03h40! Vou dormir... Por hoje é só pessoal.

Deu na telha!


É isso ae mano, deu na telha... vou escrever. Blog não é pra escrever? Então escreve pô! Mudei até a letra óh!
Pô, esse negócio de blog é uma coisa viu! Caraca velho, como dá trabalho...
É assim, um problema... Não. Um problema não. Ninguém arruma um problema pra ficar mostrando por outros."Ow, você já viu meu problema?"
Pára né!
Haha... É legal, você escreve e fica lá... "moscando"... esperando que alguém vá lá, leia e comente: "ai Léo, que legal! Ótima discussão... bla bla". Mas e se não comenta?
Pô, se não comenta é problema... Ai, olha o problema aí de novo. Problema?
É mano, "pobrema, tá ligado?"
Encuca o blogueiro, que fica pensando que escreveu merda: "xi, será que ninguém liga pro que eu tô pensando? Acho que eu sou um neurótico, fico aí, andando e pensando que problema eu ponho no blog. Vou tirar aquele post"...
Pra que serve essa p... de blog que não sai mais da minha cabeça?
Ah!!! É isso!!! O problema é esse mesmo!
O blog é legal pra você mostrar os problemas, sociais, políticos, esportivos, educacionais... Problemas. Ou pra você ficar assim, viajando e escrevendo baboseira, rs! Virou moda agora ser blogueiro. "Ow, fiz um blog... coloquei um link do seu lá. Olha lá, comenta"! Só falta pedir por favor... mas funciona.
É! Porque aí, as pessoas acabam lendo mesmo, refletindo e comentando! Seja a merda que for que você escreveu.
Haha! Acho que é neurose mesmo... era isso que eu tava falando no começo do texto, não era?
Vixi... tô doido! "Jájááá"!!!
Jájá? Que é isso? Tá com problema?
Perdi o fio da meada... vou procurar.
Até logo!

Blog novo na área!

Ae manos...
Tem um camarada aí com blog novo na área. E não é paia não...
"Afroências"!
Bacana! Já recomendei aqui do lado, mas resolvi postar porque é coisa fina...
Vai lá ver, depois me conta: http://afroencias.blogspot.com/


sábado, 8 de novembro de 2008

Caro "anônimo", muito obrigado!


Recebi de "anônimo" a seguinte matéria sobre o último post:

Vitória esmagadora dos nulos obriga TSE a convocar novas eleições em dois municípios do RJ

Atualizado em 03/11/08 15:51

Em Bom Jesus de Itabapoana, no Estado do Rio de Janeiro, os votos nulos alcançaram 89,23% da preferência do eleitorado e o candidato único à Prefeitura, João José Pimentel, do PTB, apenas 6,3%.Eram 26.863 eleitores, mas apenas 1.692 votaram em Pimentel. Em Santo Antônio de Pádua, Maria Dib, do PP, obteve 10.074, o equivalente a 37,9% dos votos, enquanto os nulos totalizaram 16.527, o equivalente a 60,35%.

De acordo com as regras eleitorais, nenhum candidato pode tomar posse quando os nulos e brancos vencem as eleições, alcançando um coeficiente maior que a soma dos votos dos candidatos. Nos dois municípios, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá que convocar novas eleições e os dois candidatos rejeitados pela população ficarão inelegíveis. As duas cidades tiveram outros concorrentes, mas suas candidaturas foram impugnadas. Agora será estabelecido um novo prazo para inscrições, propaganda eleitoral e os eleitores terão que voltar às urnas.

O Tribunal Regional Eleitoral (TER-RJ) já está com esquema todo preparado para realizar novas eleições para prefeito em Santo Antônio de Pádua e em Bom Jesus de Itabapoana. A intenção do presidente do TRE, desembargador Alberto Motta Moraes, é convocar o novo pleito ainda este ano, antes da diplomação dos prefeitos eleitos no estado. Pelo calendário eleitoral, a data-limite para os juízes diplomarem os vencedores das eleições deste ano é 18 de dezembro. Sua intenção é evitar que os presidentes de câmaras municipais sejam obrigados a tomar posse, interinamente.

Em Bom Jesus e Pádua, os eleitores deram uma lição de cidadania, demonstrando que o voto nulo é também uma forma de expressar opinião, quando os opções disponíveis não atendem às expectativas.

Fonte: Agência Petroleira de Notícias

Observação: as palavras contidas nessa matéria não transmitem necessariamente a opinião desse blogueiro.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Falta de confiança?

Recebi um e-mail de um colega e achei prudente checar a informação. No site do Tribunal Superior Eleitoral (http://www.tse.gov.br/) existe um sistema para consultar o resultado das eleições em qualquer cidade do país. E, para meu espanto, era verdadeira:


Resultado das eleições em Bom Jesus do Itapoana:


Resultado surpreendente: do total de 23.334 votos, 20.821 são votos nulos! Ou seja, 89,23% de votos anulados!


O prefeito "eleito" teve 1492 votos, ou 6,4% do total de votos!


Se vivemos num regime democrático, ou onde prevalece a vontade da maioria, será que essa eleição será anulada?

E a imprensa? Por que não divulgou essa informação?
Estou buscando informações sobre essa cidade, mas por enquanto não encontrei nada... Achei relevante colocar o banner do TSE sobre as eleições:



Em tempo: Isso não é uma campanha pelo voto nulo, mas uma ressalva ao papel fiscalizador da sociedade.

Fonte: site do TSE.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Corinthiano, maloqueiro e sofredor!



O CORINGÃO VOLTOU!
Corinthiano, maloqueiro e sofredor...
O time do povo, sem perceber, escancarou a realidade brasileira.



Caros governantes,
É esse o nível de educação que queremos?

Assim como o Coringão, nossa educação também deveria ser de primeira!


Qual o assunto que mais lhe interessa?


O centro de São Paulo é uma micro-representação do país, dada a gritante desigualdade presente e escancarada.
Essa é uma discussão que merece uma maior reflexão mas, como não tenho todos os elementos vou apenas ilustrar uma das discrepâncias que (não) existe aí. E fazer alguns questionamentos...

Esse é o retrato que se vê entre as estações Barra Funda e Julio Prestes.



Ouvi dizer uma vez que na constituição brasileira tá escrito que todo cidadão tem direito à moradia. É verdade?





Assim?
Centro de São Paulo: muitos prédios abandonados e muitos moradores de rua. Aguma coisa não fecha nessa conta...

Final do caminho... Estação Julio Prestes, onde está localizada a glamourosa Sala São Paulo, um dos teatros mais sofisticados da América Latina.

Estação Julio Prestes - Sala São Paulo:


Bonito né?
Quantos milhões de reais foram gastos nessa restauração?


Quantos milhões de reais NÃO foram gastos com a garantia do direito à moradia daquelas pessoas?

Sou totalmente a favor da preservação dos patrimônios históricos.

Contudo, a dignidade humana merece uma prioridade e, mais que isso, as pessoas merecem respeito. Ou, pelo menos, que seus direitos sejam garantidos.

Voltemos ao título dessa postagem: qual o assunto que mais lhe interessa?

Obs.: fotos tiradas por "mim mesmo", com o celular...