domingo, 5 de julho de 2009

Provocações 2 – uma justa homenagem

À continuação do post anterior, venho aqui fazer uma justa homenagem a um camarada que conheci no primeiro ano de faculdade e com quem caminhei durante esses 5 anos e meio de universidade. Um camarada que tem um potencial incrível, em quem acredito e creio que será um grande pensador de nossa sociedade, ou, no mínimo, um grande economista. Porque, pra mim, já é e sempre será um grande amigo e, mais que isso, uma grande pessoa!

A seguir, o texto que segue é dele, sobre o debate publicado no último post, com um comentário bastante initeressante do debate entre Carlos Lessa, Beluzzo e Christy Pato:

Caro amigo Escobar,

Recordo-me muito bem.

Já era fim de tarde, a noite chegava como o apagar de luzes que antecede e anuncia a abertura das cortinas para um grande show.

Professores ilustres, escritores e organizadores de grandes obras, se amontoavam nas apequenadas cadeiras que foram cedidas para atender as pessoas que não conseguiram lugar nas afofadas poltronas do espaçoso auditório.

A excitação era grande, pois à mesa prometiam estarem sentados três grandes pensadores da velha e nova geração.

Essa sutil percepção, no entanto, só ficou realmente realçada quando se percebia a discrepância que as correntes de pensamento de ambos formavam. Sendo assim, considerando os dois aspectos levantados, para qualquer espectador, qualquer que fosse a corrente de pensamento, aquele prometia ser um grande debate.

Anunciava-se a presença Carlos Lessa, Luiz Gonzaga Beluzzo e Leda Paulani. Quando já sentados à mesa os dois primeiros e ilustres convidados, durante o interregno que antecipava a palestra, anunciaram a substituição da grandiosa Leda Paulani por outro debatedor, desconhecido a não ser por sua organização do evento que naqueles dias ocorria.

Surgia então à figura de Christy Ganzert Gomes Pato, ou apenas Christy Pato.

Intelectualmente desconhecido para alguns, realmente fora uma surpresa para todos os presentes, assim como para ele próprio, que, porém ao final do debate mostrou ser um intelectual altamente preparado e que vive o pensamento critico.

Pode-se dizer que nesse grande debate, além da diversão garantida pelas incessantes piadas de Carlos Lessa para com Belluzzo, houve um grande estremecer quando se entrepuseram as duas perspectivas que reinavam à mesa. O desenvolvimentismo brasileiro exposto nas figuras Lessa e Belluzzo e a crítica marxiana e dialética de Pato.

Quando Pato começou a tecer sua fala, via muitos à meu lado se esforçarem para entendê-lo, ao mesmo tempo em que procuravam melhores posições na cadeira para retirar o desconforto causado por suas fortes criticas, que conscientemente abatiam a formação e crença de muitos no conhecido ‘bate e assopra’ desenvolvimentista ao capitalismo.

O fato é que a exposição brilhante do intelectual à mesa punha pra fora a pior característica do capitalismo arraigada na formação de todos ali presentes, que de alguma forma puderam entender o que Pato falava. Belluzzo, no entanto foi o que mais se sentiu abalado e como o representante de todos os desenvolvimentistas da platéia, levantou da mesa e deixou o debate, como uma criança, que sem saber perder, ou ganhar o jogo, levava a bola embora.

Acontece que a critica marxiana de Pato clareava a essência desenvolvimentista em sua margem obscura, nem por isso negativa, mas que impulsionava o desejo de avançar o capitalismo na periferia, mesmo que como um subproduto, reproduzindo desigualdades. Tudo isso dito de uma forma diferente, tal qual uma aranha, tece uma teia lógica iniciando pelo fim sem, no entanto desaperceber-se do núcleo, que em sua amarração final antecipa o inicio de tudo. Notava-se que alguns poucos entendiam, pois pareciam que a palestra estava em outra língua, principalmente tendo como fervor o ambiente criado pelo debate e pelos debatedores. Ao final vi alguns muito irritados, e tentando “espinafrar” a gloriosa fala do desconhecido, porém sem entendê-la muito bem.

Hoje, passado esses anos se pudesse aconselhar a Belluzzo durante a palestra, gritaria: ‘Belluzzo, não vá apenas aceite a crítica e a confirme’, pois todo objeto, “deve ser tomado em suas diferentes dimensões, pelo posto e pelo pressuposto, pelo dito e pelo não dito, de maneira que, para defini-lo adequadamente, a obscuridade como forma de entendimento deve ser apropriada pelo conceito para ser utilizada na determinação dele mesmo”.

Mas certamente não seria hábil para citar Fausto ali naquele momento, pois só fui conhecê-lo depois quanto encerrei minha orientação com Christy Pato.

Como esperado por todos foi mesmo uma grande palestra. E a gravação realizada por você meu caro amigo Escobar preservou isso que agora poderá durar para sempre.

Parabéns!!

Thiago Luis Alves Maia

Nota do blog:

O link para baixar o debate citado está no post “Provocações”, logo abaixo deste.

Obrigado Thiago, pelo belo comentário, justamente aqui publicado.

Visitem o Blog do La Maia, link no lado direito da página na seção ‘Eu Recomendo’

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Provocações

Vendo uma palestra do economista Luiz Gonzaga Beluzzo no encontro da Sociedade Brasileira de Economia Política no começo deste mês, recordei de um debate que presenciei no encontro da mesma entidade no ano de 2007, no qual ele estava na mesa, acompanhado de Carlos Lessa e de Christy Ganzert Pato. Este último, aliás, protagonizou com Beluzzo um debate bastante intenso, que deu origem ao título deste post, em homenagem ao programa de uma TV pública que ainda faz programas que prestam.

Gravei o áudio do debate. Escutem e tirem suas próprias conclusões:

http://www.sharex.com.br/files/2808944244/Lessa_Beluzzo_Pato.wav.html

(com a colaboração de Thiago L. A. Maia)